segunda-feira, 25 de agosto de 2008


Vocação leiga (A identidade de vocação laical na Igreja)
Esta semana, somos convidados a rezar pelas vocações leigas dentro da igreja! Saiba um pouco mais sobre elas!

O carisma da vocação laical ocupa um lugar central na Igreja, define a Igreja para o mundo. Outra vocações não têm essa centralidade. Através desse carisma a Igreja se faz presente no mundo.
O mundo e não a Igreja é a meta dos caminhos de Deus. A Igreja precisa se abrir para o mundo, por isso precisa de leigos. O leigo tem carisma e função para libertar a secularidade do mundo, mediante o anúncio de Jesus Cristo. Fazer com que o mundo tenha autonomia. O leigo tem a missão de fazer com que o mundo entre em comunhão com o mistério que a Igreja representa (Reino de Deus).
A vocação laical tem sua origem nos sacramentos do batismo e da crisma. Ela ocupa um lugar central na Igreja, define a igreja para o mundo. O fiel cristão leigo tem o papel de libertar o mundo da secularidade, dos falsos ídolos e de todas as prisões que oprimem e destroem a pessoa humana. Vivendo no mundo como solteiro, casado ou consagrado (de maneira individual ou num instinto secular), os leigos são fermento na massa, sal e luz do mundo.
Na vocação laical temos o estado de vida matrimonial. Chamados a ser pai, a ser mãe, a gerar vida, a constituir família. A família é chamada a constituir a Igreja doméstica. É a expressão visível do amor de Cristo pela sua igreja, sacramento de Cristo. É na família que é possível expressar as mais variadas formas de amor:
Amor conjugal: é na entrega mútua, no relacionamento fecundo e construtivo que esposa e esposo desenvolvem sua potencialidade e se realizam plenamente como pessoa.
Amor paternal e maternal: agradecidos a Deus pela continuidade do seu amor que se encarna no dom dos filhos, os pais retribuem esta dádiva amando, protegendo e educando seus filhos para se integrarem na comunidade e na sociedade.
Amor filial: é como se fosse uma ação de graças, isto é, devolver aos pais a graça da vida que um dia lhe deram. Os filhos desenvolvem um amor aos pais como gratidão por tudo que lhes concederam.
Amor fraternal: é o amor entre os irmãos e a experiência do amor oblativo e caritativo, sair do seu convívio familiar, perceber que há um círculo maior de pessoas e começar a compreender que somos todos irmãos. É aí que se desenvolve a sensibilidade aos problemas do mundo.
Além de constituir família, a grande missão da maioria dos leigos, sabemos que eles têm um importante papel na transformação da sociedade. Vejamos algumas de suas principais características: estar inserido no meios da sociedade como fermento na massa, sal que dá sabor e luz que ilumina os difíceis caminhos.
Colocar em prática as possibilidades cristãs escondidas no meio do mundo. Valorizar os sinais do reino presentes de maneira latente no meio da sociedade e - combater as tantas forças do anti-reino, ou seja, forças que promovem a injustiça e a morte.
Ser sinais visíveis de Jesus Cristo na família, no trabalho, na política, na economia, na educação, na saúde pública, nos Meios de Comunicação Social, nos órgãos públicos, nos esportes, no serviço liberal e em tantos outros espaços no meio da sociedade.
Praticar a sua fé e seu amor a Deus em todos os lugares e em quaisquer necessidades.
Participar com fidelidade e criatividade na construção de um mundo novo.
Os cristãos leigos vivem o Evangelho que lêem, que rezam e que celebram, não apenas entre paredes de uma igreja, mas em todos os lugares. São aqueles que fazem do seu trabalho a liturgia diária e prolongam a Missa Dominical em todos os dias da semana.
LG 31 - Leigo que não é ministro ordenado, nem religioso. A índole secular caracteriza o leigo. É específico para ele procurar o Reino de Deus, exercendo funções temporais (em suas atividades), vivem na secularidade, e devem fazer-se presentes nos ofícios e trabalhos do mundo. O leigo na Igreja faz presente o mundo, e no mundo faz presente a Igreja. Todo leigo tem uma função na Igreja, o leigo manifesta o dinamismo extrovertido da Igreja.


sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Agosto: Mês vocacional



O mês de agosto já é tradicionalmente mês vocacional no Brasil. A CNBB convoca, todos os anos, para intensificar, neste mês, as orações e as ações em favor das vocações em geral. Embora a vocação para os ministérios ordenados deva ocupar a atenção dos fiéis durante todo o mês, por serem elas indispensáveis para a essência da Igreja, didaticamente se divide o mês em sub-temas para não deixar de lado nenhuma das outras vocações igualmente importantes para a vida eclesial. Assim, na primeira semana se enfoca de maneira especial as vocações presbiterais e diaconais, por causa das festas de São João Maria Vianney, presbítero, a 4 de agosto, e a de São Lourenço, diácono, no dia 10. A segunda semana é dedicada à vocação ao matrimônio, e em Jundiaí, já tradicionalmente se celebra nesta ocasião a Semana da Família. Na terceira semana se reflete sobre as vocações religiosas e missionárias, recordando os vários chamados de Deus neste sentido, sejam para a vida contemplativa nos mosteiros, seja para vida ativa nas várias frentes pastorais e evangelizadoras. Por fim, na última semana se dedica atenção especial à vocação laical, recordando de forma especial os catequistas, os pedagogos da fé, mas também os vários outros ministérios eclesiais e o papel do leigo no mundo.
As vocações aos ministérios ordenados são básicas para as demais vocações na Igreja. Cristo, ao chamar os doze para o ministério de apóstolos, deu-lhes instruções e responsabilidades especiais. Pediu deles dedicação total, entrega incondicional ao ministério. Deixaram tudo: família, profissão... Somente Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote, poderia fazer isto: conferir-lhes o poder sacerdotal que era somente Dele, único e eterno Sacerdote. Assim os apóstolos passaram, com humildade, a agir não só em nome, mas na pessoa de Cristo. É Cristo mesmo que age através deles. Cristo os chamou e os enviou para constituir, ampliar, assistir, alimentar, em fim, santificar a Igreja. Os sucessores dos apóstolos são os bispos, mas unido ao ministério episcopal de forma muito íntima está o ministério presbiteral e ao seu lado, com suas funções próprias, o ministério diaconal. Por isso o número de padres e diáconos deve ser suficiente para atender à comunidade do povo de Deus. É preciso que eles sejam verdadeiramente vocacionados, ou seja, que assumam com autenticidade este estado de vida e este serviço. Não basta serem em número suficiente. É preciso que sejam bons e santos, pois só assim estarão sendo fiéis ao chamado e aptos para servirem autenticamente ao Povo de Deus. Todos os cristãos têm a missão de evangelizar, mas cabe aos ministros ordenados a principal responsabilidade de realizar e também de coordenar, articular e animar este serviço evangelizador na Igreja. Também no início da Igreja foi assim. O Senhor chamou doze, conferindo-lhes ministérios especiais e continua com a mesma pedagogia. Por isso, tudo o que as comunidades e cada um dos fiéis puderem fazer pelas vocações de especial consagração, será sempre um ato de amor a Cristo e um grande serviço ao Povo de Deus.
Para melhor organização do serviço motivador das vocações nas comunidades, uma das experiências mais eficazes utilizadas no Brasil, tem sido as equipes vocacionais paroquiais, em geral conhecidas por EVPs, que são grupos de pessoas que se encarregam de promover a pastoral das vocações e ministérios nas bases comunitárias. São três as principais linhas de trabalho das EVPs: a espiritual, a moral e a material. No campo da espiritualidade, as EVPs rezam e levam a comunidade a rezar pelas vocações. Elas procuram criar na comunidade uma verdadeira mística vocacional, um ambiente propício para o surgimento de vocações presbiterais, diaconais, religiosas e missionárias, bem como a consciência dos ministérios e serviços eclesiais. No campo moral, elas acompanham, ajudam, apóiam os vocacionados que vão surgindo, encaminhando-os, no momento certo, para a formação específica. Na área material, as EVPs ajudam também financeiramente a Pastoral Vocacional com promoções e outros meios. Normalmente as EVPs são organizadas por iniciativa dos párocos que as compõem, convidando pessoas que julgam indicadas para a mencionada missão, entre religiosas, seminaristas, leigos, jovens e adultos, participantes da vida e das atividades da comunidade paroquial. Pessoas que dão testemunho através de seu discipulado cristão, em razão de seu batismo e de sua vida de fé. Os membros das EVPs têm consciência de que sua missão, num primeiro momento, é "renovar a comunidade através da evangelização" e da catequese sobre as vocações, que se definem a partir da compreensão de que somos criados à imagem e semelhança de Deus para sermos imitadores de Cristo que veio para servir e não para ser servido.
Como principais atividades, as EVPs, marcam presença efetiva nas celebrações dominicais, destacam no horizonte de suas atividades as famílias, a juventude e as pessoas que apenas participam dessas celebrações, procurando criar uma "cultura vocacional" na comunidade.
Tudo isto é feito para que a Igreja cumpra o seu dever, sua missão de evangelizar o povo, comunicar a palavra de Cristo transformadora dos corações e dos meios sociais.
(Publicado no Jornal "O Verbo" , órgão informativo da Diocese de Jundiaí - nº 184 )

Dom Gil Antônio Moreira, Bispo Diocesano de Jundiaí